2 de outubro de 2009

Olimpíada 2016 - Por que o Rio de Janeiro venceu a disputa?


Hoje, a cidade do Rio de Janeiro amanheceu diferente. Pairavam no ar sentimentos contraditórios: desconfiança, orgulho, indignação, esperança, revolta, felicidade, vergonha e fé. Afinal, a Cidade Maravilhosa poderia vencer a corrida para sediar a Olimpíada de 2016 - um evento que consumirá 29 bilhões de reais dos cofres públicos-, apesar da violência urbana, dos hospitais públicos aos farrapos, do caos no ensino público e do engodo que foi o Pan-americano 2007.
A vitória aconteceu e foi uma vitória anunciada com alguns dias de antecedência, já que os governos municipal, estadual e federal, no início da semana, declararam ponto facultativo nas repartições e escolas públicas, para que o palanque eleitoral, digo, a festa organizada em Copacabana recebesse o maior número possível de convivas. Esse evento, por sinal, deu ao carioca a certeza de que a vitória seria de lavada. E foi: 66 votos a favor e 32 contra.
Um descalabro. Escolas públicas tendo de repor aulas, em função do recesso escolar devido a gripe suína e perde-se um dia de aula, para acompanhar e comemorar a vitória carioca.
O mais estranho é que as notas do Rio de Janeiro foram sempre inferiores às de Chicago, Madri e Tóquio. Mas, no último momento, na batida do martelo, a Cidade Maravilhosa não somente virou o jogo, como ganhou aliados de peso, como o presidente francês Sarkozy.
O que mudou de lá para cá? Será que os projetos foram modificados para atender às exigências do COI ou o poder de convencimento das autoridades brasileiras foram mais eficazes do que o das outras cidades? E que poder foi esse, que em menos de um ano, provocou uma reviravolta nas análises dos integrantes do COI?
Parece até que autoridades dos EUA, da Espanha e do Japão não tinham o menor interesse de que o maior espetáculo desportivo do planeta fosse realizado em seus países.
Lendo nas entrelinhas do quadro comparativo entre os prós e contras, da candidatura das quatro finalistas, percebe-se que a proposta do Rio de Janeiro foi a única que garantiu a mobilizarção de recursos públicos das três esferas de poder. Está aí o x da questão. A Olimpíada caiu no nosso colo. Os outros países não se dispuseram a bancar com recursos da população a Olimpíada 2016. Compreensível. Não seria de bom-tom bancar um evento desse porte, com o dinheiro público, quando países tentam desvencilhar-se da crise financeira, que abalou o mundo em 2008.
Os governantes dos países de primeiro mundo tem de dar satisfação à população, que é participativa e cobra das autoridades o bom emprego dos impostos que paga.
No Brasil, não é assim. Somos festeiros, alegres, comunicativos e descontraídos. Se a crise está batendo a nossa porta, promovemos um belo churrasco, regado a cerveja e com uma boa roda de samba. E se, nesse dia, tiver futebol, melhor ainda.
Foi esse espírito benevolente, que trouxe a Olimpíada, para o Rio de Janeiro. Pagaremos essa fatura e a da Copa do Mundo de Futebol de 2014, felizes e contentes. Até a volta da famigerada CPMF está sendo esquecida.
Estima-se, que o público que compareceu em Copacabana, para festejar a conquista brasileira, tenha sido de 100 mil pessoas. Um público bem superior ao que compareceu ao protesto contra a fraude do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio): 500 jovens valentes, indignados com o vazamento da prova, que lhes possibilitaria a entrada numa universidade. É que no nosso país Educação não é prioridade. Fazer o quê?
Resta torcer para que em sete anos, o Brasil descubra atletas espetaculares, para que não faça feio na festa olímpica em 2016 porque, do contrário, os 29 bilhões de reais, que serão gastos no projeto olímpico brasileiro, servirão apenas e tão somente para beneficiar alguns e comprovar que o Brasil não possui vocação desportiva.

Será frustrante pagar e não levar.

E você caro leitor, o que acha da vitória carioca?
Quais os maiores beneficiários com essa conquista?

6 Comentários:

Luiz Sobral disse...

São pessoas como você, que tentam impedir que esse país seja uma potência mundial. Ainda bem que são a minoria!

Anônimo disse...

Olá Sumy,
acredito que essa Olimpíada no Rio de Janeiro trará um gigantesco prejuízo financeiro para os cofres públicos. Além do retorno de investimento não positivo a longo prazo, imaginem só o quanto de verbas que serão desviadas e/ou superfaturadas?

Um lado positivo e esperança que tenho é que a criminalidade seja efetivamente combatida e reduzida, assim ficarei mais tranquilo quando puder passar umas férias por lá ;)

Abraços,
Júnior

Unknown disse...

Belos argumentos,realmente também concordo,eu também tenho lá as minha duvidas quanto essas Olimpiadas,mas ficou muito claro que você tem inveja do Rio,percebe-se isso logo pelas suas perguntas:

E você caro leitor, o que acha da vitória carioca?

Por que somente vitória carioca?Por que não uma vitória brasileira,ja que Rio representara todo o Brasil nessas Olimpiadas.

Quais os maiores beneficiários com essa conquista? Garanto que você citaria varios beneficios,se a cidade eleita fosse São Paulo.

Sandra Di Flora disse...

Caro José Junior!
Você está coberto de razão. Os prejuízos serão enormes, como ocorreu no PAN-2007.
Na época, falou-se na disponibilização das instalações desportivas, para a comunidade.
Isso não aconteceu e elas estão entregues às baratas.
Até as "lindas" viaturas da Polícia Militar compradas para o PAN não circulam mais pelas ruas da cidade.
Maquiaram a cidade para os jogos panamericanos e só.
Abs
Sumy

Sandra Di Flora disse...

Meu caro Junior,
Como eu posso ter inveja da Cidade Maravilhosa se ela é a minha casa?
Eu moro no Rio de Janeiro e por isso mesmo conheço, bem de perto, as mazelas da minha cidade.
O Rio de Janeiro não merece ser moeda de troca e palanque eleitoreiro.
Quanto à outra pergunta, a vitória foi carioca, afinal são as cidades que se candidatam às Olimpíadas e não os países.
Abs
Volte sempre.
Sumy

Sandra Di Flora disse...

Luiz Sobral,
Quem me dera se eu tivesse tanto poder assim. Com certeza, a minha cidade seria a mais desenvolvida do planeta Terra.
Mas, o Rio de janeiro precisa de governantes, que tenham amor por ela e que se disponham a acabar com a violência, o maior problema da Cidade Maravilhosa.
O Rio de Janeiro não pode esperar. O governantes precisam resolver, com urgência, a criminalidade que tomou conta da cidade.Basta ler as notícias diárias, para saber do que eu estou falando.
Quanto ao Brasil ser uma potência mundial, ele já é, afinal é uma das 20 economias do mundo.
É uma pena que isso não reflete na vida da grande maioria da população, que ainda morre nas filas dos hospitais públicos.
Abs
Sumy

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