12 de março de 2008

Big Brother Brasil

A cada nova edição do Big Brother Brasil fico na torcida , para que o reality show se transforme num tremendo fiasco de audiência, pois não consigo entender como é que um programa em que as relações humanas baseadas na intriga, na trapaça, na traição, na fofoca, na superexposição da intimidade e na sedução barata pode ser tão popular e fazer tanto sucesso em terras tupiniquins. Existem até blogs e comunidades na internet criadas especialmente para acompanhar o programa e torcer pelos confinados. Tive a curiosidade de entrar em alguns deles e fiquei impressionada com o nível das discussões: os participantes dessas comunidades parecem àquelas maledicentes comadres de outrora, que ficavam penduradas na janela no final da tarde, futricando a vida alheia.
Cabe aqui uma pergunta: o que leva às pessoas a se envolverem de forma tão obsessiva com um programa que, em última análise, teria apenas e tão somente a função de entreter o telespectador?
Seria a invasão da privacidade - o tomar conta da vida do outro - um dos motivos dessa febre? Ou seria a forma de como os confinados vivem enquanto dura o programa: sem noção de tempo, de espaço e alheios ao que acontece no mundo?
O próprio diretor do BBB ,em suas entrevistas, nos dá algumas pistas do sucesso da atração. Segundo ele, o Big Brother Brasil é muito diferente do reality show como foi concebido pela Endemol. A produção brasileira teve a "feliz" idéia de formatar o programa, apelando para a paixão que o povo brasileiro tem pelas novelas. Assim, cada edição é um novo capítulo dessa novela, cujo enredo e personagens são determinados pelas situações ocorridas na casa. A visão editorial leva em conta o IBOPE e, por esse motivo , as edições muitas vezes não retratam o que realmente ocorreu no confinamento. Uma situação criada pela produção é editada para o programa ao vivo. Se a situação agradar, a exploração da mesma é inevitável. Além do mais, a maioria dos fãs do programa não possui o senso crítico que lhe permite separar a fantasia da realidade e "vai sendo conduzida" infantilmente pela produção.
Infelizmente, o telespectador assíduo não percebe que por trás de toda a parafernália, que envolve o programa, há uma manipulação clara da emissora, com o objetivo de ditar regras nos costumes, além de verificar como a sociedade brasileira reage e/ou aceita os comportamentos humanos a partir das atitudes dos confinados e da condução das situações pela produção. Certamente, estamos diante de uma mega pesquisa de opinião pública.
A edição 2008 do reality show está chegando ao fim e mais uma vez fica a triste constatação de que, atualmente, a função da mídia televisiva não é o de educar ou elevar a cultura do telespectador, mas ao contrário, a de torná-lo presa fácil de seus objetivos mais escusos.

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