Homenagem à dona Ruth Cardoso
“Quando morre um mestre é como se uma biblioteca inteira se incendiasse” (antigo provérbio africano)
Morreu ontem na cidade de São Paulo a professora e antropóloga Ruth Cardoso.
De todos os relatos que li a respeito da ex-primeira dama, o mais marcante foi, sem dúvida, o da jornalista Miriam Leitão:
“Ruth Cardoso modernizou o papel de mulher do presidente no Brasil e marcou profundamente as políticas sociais brasileiras. Ela sempre rejeitou a expressão "primeira-dama", mas, depois dela, a denominação ganhou outro sentido.
Nunca houve uma primeira dama assim, e talvez demore a aparecer alguém com o mesmo conjunto de virtudes. Ruth era inteligente, culta, discreta e extremamente capaz. A sua idéia de criar o Comunidade Solidária acabou com o estigma de que a mulher do presidente da República, quanto tem alguma ação social, tem que ser necessariamente de políticas assistencialistas. No Comunidade Solidária, o Estado tinha o papel de coordenação entre o setor privado e a população carente. Empresas passaram a adotar cidades com alto índice de analfabetismo, ou passaram a patrocinar determinadas causas ou regiões. O Estado era apenas o elo entre o patrocinador e o cidadão. Ruth teve um papel fundamental na decisão de levar para nível federal a idéia do Bolsa Escola, que nasceu em Campinas em 1995. Teve também papel importante na mudança da política educacional na direção de buscar a universalização do ensino básico.
O Brasil perde hoje um modelo admirável de mulher que soube aliar a intensa vida intelectual às funções protocolares exigidas da mulher do presidente. O papel que a deixava desconfortável, o de "primeira-dama", acabou sendo exercido com maestria. Ela o reinventou, tirando dele toda a marca do passado. Depois que acabou o governo Fernando Henrique, ela continuou sendo a mobilizadora de recursos e apoios para as grandes causas de combate à pobreza e de avanços sociais no Brasil”.
Morreu ontem na cidade de São Paulo a professora e antropóloga Ruth Cardoso.
De todos os relatos que li a respeito da ex-primeira dama, o mais marcante foi, sem dúvida, o da jornalista Miriam Leitão:
“Ruth Cardoso modernizou o papel de mulher do presidente no Brasil e marcou profundamente as políticas sociais brasileiras. Ela sempre rejeitou a expressão "primeira-dama", mas, depois dela, a denominação ganhou outro sentido.
Nunca houve uma primeira dama assim, e talvez demore a aparecer alguém com o mesmo conjunto de virtudes. Ruth era inteligente, culta, discreta e extremamente capaz. A sua idéia de criar o Comunidade Solidária acabou com o estigma de que a mulher do presidente da República, quanto tem alguma ação social, tem que ser necessariamente de políticas assistencialistas. No Comunidade Solidária, o Estado tinha o papel de coordenação entre o setor privado e a população carente. Empresas passaram a adotar cidades com alto índice de analfabetismo, ou passaram a patrocinar determinadas causas ou regiões. O Estado era apenas o elo entre o patrocinador e o cidadão. Ruth teve um papel fundamental na decisão de levar para nível federal a idéia do Bolsa Escola, que nasceu em Campinas em 1995. Teve também papel importante na mudança da política educacional na direção de buscar a universalização do ensino básico.
O Brasil perde hoje um modelo admirável de mulher que soube aliar a intensa vida intelectual às funções protocolares exigidas da mulher do presidente. O papel que a deixava desconfortável, o de "primeira-dama", acabou sendo exercido com maestria. Ela o reinventou, tirando dele toda a marca do passado. Depois que acabou o governo Fernando Henrique, ela continuou sendo a mobilizadora de recursos e apoios para as grandes causas de combate à pobreza e de avanços sociais no Brasil”.
Para o professor e cientista político Anthony Hall, da London School of Economics (LSE, Escola de Economia de Londres), a contribuição da ex-primeira dama e antropóloga Ruth Cardoso, ajudou a mudar os rumos da política social no Brasil.
"Ela foi uma peça fundamental na idéia de unir os vários programas sociais e de transferência de renda dos anos 90 em um único programa. Essas iniciativas teriam culminado com a criação do Bolsa Escola, em Brasília e, mais tarde, na adoção do Bolsa Família como um programa nacional do governo brasileiro. Muitas pessoas acreditam que ela foi de fato a primeira pessoa que pensou na idéia do Bolsa Família, apesar de o programa não ter esse nome na época. Mas essa idéia de unificar os programas, criar uma economia mais equilibrada e eficiente, foi exatamente o que Lula fez quando assumiu o governo em 2003", disse Hall em entrevista à BBC Brasil.
"Ela foi uma peça fundamental na idéia de unir os vários programas sociais e de transferência de renda dos anos 90 em um único programa. Essas iniciativas teriam culminado com a criação do Bolsa Escola, em Brasília e, mais tarde, na adoção do Bolsa Família como um programa nacional do governo brasileiro. Muitas pessoas acreditam que ela foi de fato a primeira pessoa que pensou na idéia do Bolsa Família, apesar de o programa não ter esse nome na época. Mas essa idéia de unificar os programas, criar uma economia mais equilibrada e eficiente, foi exatamente o que Lula fez quando assumiu o governo em 2003", disse Hall em entrevista à BBC Brasil.
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